O PODER DO LÍDER: Que mística é essa capaz de mudar os rumos de pessoas e da história! (Liderança & Poder Livro 1)

Amado ou temido?

“É melhor ser mais amado do que temido, ou mais temido do que amado?” - Nicolau Maquiavel

Eis a questão: ser ou não ser amado/temido ou temido/amado? Nicolau Maquiavel, na sua magistral obra O Príncipe afirma que

"o ideal é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir as duas coisas, é muito mais seguro - quando uma delas tiver que faltar - ser temido do que amado. Porque, dos homens em geral, se pode dizer o seguinte: que são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados, fugidios ao perigo, ávidos do ganho. E enquanto lhes fazeis bem, são todos vossos e oferecem-vos a família, os bens pessoais, a vida, os descendentes, desde que a necessidade esteja bem longe. Mas quando ela se avizinha, contra vós se revoltam. E aquele príncipe que tiver confiado naquelas promessas, como fundamento do seu poder, encontrando-se desprovido de outras precauções, está perdido."

Liderar é algo desafiador. Nem todo mundo consegue estar à frente de uma equipe e exercer, com êxito, essa missão essencial da vida em sociedade. O líder é a mola mestra das instituições, dos governos, das igrejas para que possam ter prosperidade e vida longa.

Talvez um dos grandes desafios de quem lidera seja a necessidade de ter que orquestrar liderados com suas mais complexas, divergentes e, muitas vezes, perigosas personalidades. Outro fator capaz de “espantar” a muitos que gostariam de exercer alguma função de liderança é que o líder não tem muita gente com ele: é um ser solitário e cujas “batatas quentes” fervem, com intensidade e dor, em suas mãos.

Eu ouvi de um grande líder empresarial, certa vez: Marcos, eu não posso nem adoecer, eu não posso dormir até mais tarde. Tenho que ter muita saúde e dormir pouco. Quando me lembro que mais de dez mil pessoas dependem, direta e indiretamente, de mim, isso me dá um frio na barriga. Aí penso: tenho que me manter firme e forte. São milhares de famílias que comem, pagam suas contas, realizam sonhos materiais confiando que eu estou no comando e que não irei falhar.

Ouvindo atentamente aquele grande líder fiquei a pensar: talvez seja por isso que a maioria das pessoas prefira ser liderada, a liderar. Há muita coisa “em jogo”; é muita responsabilidade e nem todo mundo está disposto a “pagar o preço” de comandar outros. Sempre há bônus e ônus de se assumir a missão, às vezes solitária, de conduzir pessoas, gerir tarefas e cumprir missões quase impossíveis. É muitas vezes mais cômodo e, aparentemente tranquilo, estar num “posto” de trabalho e aguardar as orientações, ou mesmo não ter que assumir mais obrigações, além do exercício de uma função específica.

Essa mística do poder tem sido um dos meus “cases” de estudos, nos últimos 25 anos – tanto na teoria, quanto na prática, nos serviços prestados a líderes empresariais, políticos, classistas e religiosos.

Tenho me dedicado à tarefa de entender a força dos que comandam; tenho me debruçado sobre a história e estudado centenas de biografias de grandes líderes que “fizeram a história”.

Minha inquietação foi e continua sendo a seguinte: que poder é esse exercido por um número restrito de “iluminados” cuja intensidade e abrangência são de proporções muitas vezes intercontinentais e de repercussão milenar, capazes de dominar milhões de pessoas e de comandar impérios? Eu pude entender que há um poder inerente ao líder, um poder único e somente quem é líder consegue adentrar ao universo dessa mística.

Lendo O Príncipe e várias obras inspiradas nessa “Bíblia do Poder”, dentre elas, Maquiavel e a Liderança Moderna, posso afirmar um fundamento essencial do líder: é o poder que legitima sua força, sua influência e a capacidade de dirigir, ou mesmo de dominar pessoas, instituições e países.

É sobre isso que iremos tratar aqui: vamos entender que poder é esse, como esse poder se perpetuou e qual seu impacto na vida de liderados e na sociedade em geral.

MARCOS SOARES BRASIL