Manfredo: Um Drama em Três Atos

Nesta passagem e em muitas outras, Lord Byron expressa o desejo de se comunicar com os espíritos, bem como Manfredo, e de se afastar do mundo, onde lhe custa muito trabalho marchar pelo terreno rastejante dos detalhes da vida. Identificando-se também com o personagem de Manfredo, o poeta pinta com cores muito vivas, agitações fortes, paixões turbulentas e o retorno contemplativo do destino, que nos faz conhecer o fundo do seu coração. A poesia de lorde Byron ambiciona a glória de inspirar simpatia a uma classe de pessoas com quem teríamos vergonha de reconhecer a menor conformidade de sentimentos. Apesar de nossas reivindicações em favor dos princípios do bom gosto e da moral, o poeta nos apreende, por assim dizer, com a mão de um gênio sombrio, e nos forçando a descer aos pensamentos secretos de nosso coração, ele nos descobre lá , nos admirando com horror, o germe das ideias negras às quais todos os seus heróis são abandonados. As consequências morais pouco importam para ele, desde que ele expresse as agitações quase involuntárias que o tornam dono da imaginação de seus leitores.

Em Manfredo, Lord Byron parece adotar inicialmente sob nomes persas, a crença dos Maniqueus que admitem no mundo intelectual a poderosa oposição ao princípio do mal, contradizendo eternamente a Providência eterna. Manfredo reconhece, no entanto, e força o próprio Arimanes a reconhecer a supremacia do deus do bem, quando ele se recusa a dobrar o joelho e proclama um ser diante do qual os gênios do mal devem tremer. É uma grande concessão que faz de Lord Byron aqui a moral religiosa; Pois o vemos, muitas vezes, armar-se com uma dúvida sacrílega, atacar toda revelação vinda do alto e até o que um sentimento íntimo nos descobre, a existência de um criador.