Certos Sigilos da Rua Krüger

Certos Sigilos da Rua Krüger
Romance que narra com fidedignidade a vida nos prostíbulos de uma cidade do interior nos anos 60. Embora o tema pareça áspero, aqui as reflexões sobre o amor e a vida civil são numerosas e resplandecentes. O romance começa da seguinte forma. Bicho-de-Goiaba abriu os olhos dentro de uma sonolência esmagada. Vestido com a casaca branca que admite o formato do bicheiro, do agiota ou do porteiro de zona de baixo meretrício, afagava a barba que teimava em não lhe nascer ao queixo. Ficava agitado, sem saber porquê, toda vez que entrava para a Casa da Negrinha uma puta nova. Toda a Rua Krüger apercebia-se do novo, do formato encantado da novidade. Chegara uma puta nova. Bicho-de-Goiaba esfregava as palmas das mãos entre si e apostava que, em tempo encurtado, seria ele o dono da remessa que lhe vinha a bem-pensado jeito e oferta pronta.
— O que é do homem o lobo não come!
Afirmava, a dizer-se a possibilidade maior que se aglomera em vida de uma criatura que se sabe ao ornamento da fortuna. Havia mais de seis anos que era porteiro da casa da Negrinha, na Rua Krüger. A única delas que tinha nome de Casa de Baile, a única que tinha a regalia de haver o porteiro com claves reconhecidas de casaca branca e aprendizado permanente. Era assim a vida. Com essa amostra pode-se ter idéia do todo. Algumas vezes esse livro lembra palavras de Mia Couto em alguns de seus romances, como é o caso do Voo do Flamingo. Entretanto, autores muito diferentes.