Francisco Franco: A Vida e o Legado do Polêmico Ditador Espanhol

“Nós não acreditamos no governo regido por votos. A vontade nacional espanhola nunca foi livremente expressa pelas urnas. A Espanha não possui sonhos medíocres. ” – Francisco Franco

A Guerra Civil Espanhola exercera um impacto profundo sobre a imaginação histórica. O conflito, sem a menor dúvida, fora um momento crucial no século 20, um precursor da Segunda Guerra Mundial e um modelo de ascensão de movimentos extremistas na década de 1930, além de ter sido uma narrativa complexa per se, mesmo tendo sido um verdadeiro ensaio para o cenário da guerra internacional. A guerra marcara um dos momentos cruciais, juntamente com o Crash de Wall Street em 1929, situada entre duas guerras apocalípticas do início do século 20, sendo que desde o ocorrido entre 1936 e 1939, a Espanha se provara um campo de testes táticos, bélicos e ideológicos, precedente a Segunda Guerra mundial. Para as potências aliadas, Grã-Bretanha e França, a Espanha tornara-se um ponto instável de “harmonização”, ainda que o conflito tenha tido caraterísticas distintamente espanholas. As imposições que levaram à guerra foram específicas para a nação, tendo em vista seus desafios sociais e sua longa e intricada história, sendo um conflito entre dois lados e seus elementos díspares como o clero, socialistas, latifundiários e até mesmo anarquistas. Estima-se que foram mortas na guerra entre 500 mil a 2 milhões de pessoas.

Ao contrário do que fora visto na Segunda Guerra Mundial, o conflito espanhol atraira diversos artistas e escritores, muitos dos quais ponderaram ante os eventos e até mesmo se prontificaram a lutar. A pintura Guernica de Pablo Picasso, os relatórios da jornalista Martha Gellhorn, a fotografia icônica de Robert Capa, a Homenagem a Catalunha de George Orwell e Por Quem os Sinos Dobram de Ernest Hemingway são apenas alguns exemplos da arte e literatura que documentaram a guerra, sendo que ainda hoje, 80 anos depois, o conflito e suas causas ainda inspiram músicos e escritores.
Fundamentalmente, as forças nacionalistas, lideradas pelo General Francisco Franco, saíram vitoriosas e, após sua conquista em 1939, Franco governara a Espanha durante longos 36 anos com mão de ferro. Posto isto, é natural que a célere e dubitável ascensão de Franco ao poder espanhol tenha definido o país por diversas gerações. Mesmo tendo sido influenciado pelas amplas tendências e forças do século XX, Franco deixaria sua própria marca permanentemente na Espanha e, no processo, se tornaria uma das figuras mais ridicularizadas da história contemporânea.

Nascido na última década do século XIX, Franco era, no entanto, sinônimo de uma série de tendências do século XX. Sua vida estava principalmente entrelaçada com as ideologias extremistas da época, em particular o fascismo e o comunismo, seguidas subsequentemente pela Guerra Fria entre o Ocidente e o bloco comunista. Em essência, no entanto, Franco era um militar. Quando adolescente, se alistara no exército, tendo feito seu nome como oficial nas guerras da Espanha na África. Quando o país abdicara de sua monarquia e declarara a República em 1931, Franco – embora relativamente contido politicamente durante o período – defendera a ordem e mantivera o papel do exército na sociedade espanhola. No entanto, em julho de 1936, quando um grupo de oficiais incitara a rebelião, Franco prontamente se juntara à revolta e rapidamente galgara ao topo da cadeia de comando nacionalista.

Após sua conquista durante a Guerra Civil Espanhola, Franco passou a se apropriar de ideias políticas e ideologias como lhe convinha, embora parecendo manter o conservadorismo, o militarismo, o catolicismo e o monarquismo. Franco conduzira habilmente a Espanha durante os períodos da Segunda Guerra Mundial e a da Guerra Fria sem realmente comprometer o país com quaisquer compromissos específicos que fossem e, mesmo assim, conseguira obter suporte e apoio de aliados poderosos.