Cangalha

Cangalha



José Humberto Henriques
























Compêndio de estipêndio.
Dedicado ao varal dos ventos.
Sempre dedico aos ventos, oxalá um vôo.
Qualquer semelhança com gente viva ou morta há de ser somente um recurso de vesga parte. Todas as coincidências são meras e desconfiadas de retalho de acaso.
No mais, não há um só aleijume que não seja um pouco louvável. Dedicado ao varal das ventanias.

















Se um defeito torto impõe para mais,
facto é que pode até ajudar.
Pesca mais quem tem o anzol mais torto,
ou quem sabe usar o arco para proveito de sua alma aleijada?
































Não foi a própria América encontrada por hipótese?

Novalis

Cangalha
Ambientada no meio rural de Minas Gerais e Goiás, Cangalha conta a saga de três gerações da família Assunção, sua ascensão e decadência, desde o seu patriarca – Major Julião, bandeirante deixado por sua expedição em meio ao caminho por estar com as febres. Fugindo aos lugares comuns do regionalismo localizado, JH Henriques trabalha o cenário da trama apenas como ponto de partida para criar um rico universo de personagens e suas lembranças. Confrontos sociais nas relações de parentesco, desejo, violência e morte alcançam dimensões de tragédia, porém, sempre envolvidas por uma linguagem peculiar que une o exercício da memória com o poder da invenção.