Logo abaixo disponibilizamos um breve resumo do livro A Revolução dos Sentidos para que você tenha uma idéia do assunto do qual ele trata. Se rolar a página você terá a oportunidade de fazer a leitura online.
Esse é um livro de poesias muito purificado na forma e no conteúdo. Traz alguns poemas datados, alguns que foram escritos em década de 1980. Com isso não estariam perdidos do todo que se quer mostrar. Esse livro foi originalmente concebido como um fragmento grande de A Grega e a Revolução dos Sentidos. Posteriormente, o autor modificou alguns poemas desse compêndio por crer na necessidade, e ela parece indubitável, da mudança que arejou alguns dos poemas. Agora, ainda uma necessidade maior separou esse apêndice do livro original e a Revolução dos sentidos surge como um livro com vida própria. Passa a ser ele mesmo em toda a sua genial integralidade. Livro único, espetacular.
Em algum momento o texto se cristaliza numa lembrança festiva que chega a soar com cheiro de cordel, uma impressão muito rara na obra de JH Henriques. Como nesses versos do poema A Brincadeira de Joaquina, quando o autor se permite a uma brincadeira, em verdade, consigo mesmo. Vale mesmo a pena perceber essa ironia dentro da obra de Henriques.
joaquina movia o orvalho da nudez// nudez que urgia a raspa mais que nua//
surgia lá sobre os tamancos – cismava// vinha relampejava o plano cru da rua
Essas rimas assim dispostas costumam ser raras em obra desse poeta. Entretanto, aqui ele concede essa imposição, essa necessidade do texto para que entre Joaquina e Inácio não se percam os detalhes da ilusão e do amor platônico. Ou apenas dos sinais de loucura que grassam e fazem ideia nesse poema. Sendo assim, Inácio passa a ser personagem, bem como Joaquina. À diferença do discurso convencional, essas personagens não existem numa realidade de corpo físico, mas apenas são sugeridas na descrição de um mundo onírico. Assim, a obra resgata a possibilidade de a poesia se manter inerente a si mesma, um tanto distanciada daquele produto simples e sem enigmas dos contos e prosa afim. Dito isso, somente para lembrar que Poesia em JH Henriques se mantém incólume, retratada como a palavra desmedida e luxuriosa. A palavra condensada em sua extrema virtude.
A ideia de desmembrar A Revolução dos Sentidos de A Grega foi plural. Mesmo do ponto de vista didático isso seria necessário, apesar de os dois terem sido publicados num único volume. Cada um desses livros respira com bofes próprios, assim diria o autor. Para complementar o volume do segundo livro, foram criados e acrescidos novos poemas ao livro, todos eles de uma casta mais recente. Isso traz ao volume uma espécie de regeneração metódica. Com esse artefato, pode-se conhecer a tal pluralidade da obra de um dos maiores escritores que o planeta já produziu. Uma carga poética maciça, totalmente envolvente. Um estilo renovador e próprio, capaz de trazer desafios grandes às gerações de novos poetas, se é que poetas ainda existirão ao longo desse mundo que se esfacela rapidamente.
Quando a literatura brasileira sofre de um lapso devido ao sistema de consumo de massa e à não eleição de prioridades intelectuais, com o desaparecimento de Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade, fica a vaga enorme diante dos olhos de quem se apercebe da situação. Surge um escritor moderno e capaz de suprir esses pontos de inclemência. Assim, essa condição se altera e é capaz de ser resolvida, não se um só golpe, mas a partir de um estudo sistemático de sua contingência física e, depois disso, provavelmente espacial. Isso não parece ser absurdo quando se observa de perto a situação de um Brasil esfacelado.
Esse livro, A Revolução dos Sentidos, mantém o mesmo padrão de todos os livros de poemas de JH Henriques. Ao contrário, porém, de outros compêndios de poesia do autor, não traz a divisão decimal das cargas de versos. Os livros de JH Henriques costumam ser apresentados em somas iguais de dez poemas para cada bloco, com a finalidade de tornar a leitura mais facilitada. Como os textos são muito condensados e apurados, esse detalhe é importante. A mancha sobre o papel, como diria Umberto Eco, manifesta a grandeza dessa amostra.
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