As Libélulas dentro do Espelho

As libélulas dentro do espelho
Esse livro de contos é um volume icônico. Esmerado e estruturado na literatura mais límpida que pode haver. Somente para que se tenha idéia do texto: um fragmento de um dos contos: Quando entrou em casa, foi aí que se deu nele o susto acumulado e o quadro com suas ilhargas feridas. O irmão estava sobre tia Bermadeu, a forçar-lhe as partes e a sungar aquelas saias longas e espessas que eram lá do uso deles naqueles tempos que vieram depois do Império. Ele usava esta palavra, sungar, e ela hoje carece de jirau para se manter viva entre as modernidades. Para cuidar da grandeza dos perigos, tio Condinete viu que seu irmão tinha uma faca enorme na mão direita, a mesma que usava para conter os pulsos da mulher. Ele, seu outro recurso que não fosse de gritar, abriu a goela. Esbarra, siô! Foi assim que gritou. O outro, assustou-se demais e deixou cair a faca. Ergueu-se meio trôpego e acabado do serviço que queria fazer, mas somente pelas metades, sumiu-se lá para os meios das moitas de cana-de-macaco, as que eram abundantes ali para os fundos do quintal da casa da Coruja. A crueza dos detalhes me impressionava e chamava para a revelação do absurdo. Mas tinha sido assim mesmo que acontecera o resumo de tudo.