Hajdú

Hajdú
Hajdú é um livro completamente diferente de todos aqueles produzidos pela lavra de Henriques. Pela primeira vez JH Henriques mostra um talento amplificado, tergiversando e abrindo perspectivas para uma literatura retirada do Leste Europeu. O cenário desse livro é a Hungria e seus limitantes, como Romênia e Ucrânia. Esse livro é um tratado de absoluta universalidade dessa obra magnífica. Fragmento do romance: Os lobos caçam em bando. Neles o grito precede a neve. Além do mais, quando a fome estabelece o dardo, o liso das coisas acha-se em verruma, como da banda interna de um bucho e seus acessórios. Cai uma bolota da nogueira, aspas do tempo, e um batido de espessura, sonoriza a vírgula do momento, um baque que acha hora na facilidade do dia. Sandor alisa um castiçal de ar e admira-se da terra ser assim a casca esmerada do mundo. A terra por si mesma, o dom do debulhado e da massa estagnada em si mesma, o tempo com a ilusão de uma luz com buracos e os céus em limite de palavra vã. Os lobos caçam em bando e mordem em individualidade. Se coisa há que deva ser dita, os lobos têm uma frívola necessidade de honra dentro dos olhos e nunca se despem do casaco de ancestralidade, o que faz deles o gene simples e corpuscular da eternidade. Entre ser sempre e ser eterno pode ser que divague somente o interstício da palavra e da forma de idealizar o precipício. Como em casos de amor, exemplos sórdidos para a realidade do fundamento sem fundos. Ser sempre é quase a medida do humano, daquele que se limita enquanto dura. Entretanto, para ser eterno carece da própria palavra ser, o verbo que se veste do revoluto e do mais profundo que a frase pode proporcionar. Um desafia, o outro mete o medo em carga de profundidade.
No lobo, a palavra precede o grito e a neve.