Trovôes Nascidos ao Norte

Trovões Nascidos ao Norte
Esse romance é um daqueles livros que são lembrança eterna para quem o lê. Trata de uma vida personificada em uma vivência comum. JH Henriques causa surpresa ao zanzar entre personagens de todos os níveis sociais possíveis, de nobre e reis até os plebeus e mendigos, de tal maneira que deles extrai a essência do espírito e os transporta para uma literatura arrojada e sem igualdades em toda a história da Literatura Universal. Aqui se transcreve um pequeno fragmento desse livro. Zequiel de Jesus amanheceu com os ares estouvados e um estado de descompressão dentro do peito. Olhou em torno de seu mundo, a cama mambembe, e espevitou os ouvidos para o conhecimento de um barrido de cavalo magro. Sentir as coisas todas é muito diferente de toda a possibilidade de comemorar delas o triunfo de centros, seu âmago, pensava. Todavia, como devem ser as coisas todas que são existidas sobre o mundo, Zequiel coçou a barriga e cuspiu no chão a erva amarga de existir. Outro relincho de cavalo e um nítido fluxo de chuá de mijo ali mesmo, rente às paredes do casebre. Estava instalado de posse sua mesma em beiras do Castrão. Usara do terreno desocupado, aproveitara que a opinião vale mais do que o senso de propriedade, construíra o casebre e nele se instalara havia mais de vinte anos. Dizer-se feliz? Zequiel sabia de certos desmazelos que a vida exige para promover felicidades em qualquer criatura.
Um romance que mostra a vida em arrabaldes, tal e qual ela mesmo deve ser. Tudo isso contado sem se fazer qualquer tipo de concessão a uma literatura limpa e estruturada na essência da palavra. Esse livro permaneceu inédito até a presente data porque o volume prescrito pelo autor é enorme. Chega ao absurdo de quase 300 volumes escritos.