A Dança dos Papagaios Vermelhos (Providência Livro 3)

A Dança dos Papagaios Vermelhos
Esse é o terceiro e último volume da saga Fruta de Leite. Conta o romance a história do Dodói, a personagem que atravessa todo o continente dessa obra fantástica e dá vida e cor ao enredo. Trata-se do cozinho da fazenda Providência, aquele que regula todo o funcionamento do refeitório e dá vida ao lugar. Por ser muito forte, pode ser que o autor tenha escolhido a vida do Dodói para ser escarafunchada. Com isso, surge o terceiro volume dessa saga magnífica. Um fragmento do romance: Geraldo Natanael Prata, nascido e criado em terras de João Monlevade, lugar onde as criaturas são de ferro, austeras e bárbaras no conceito de virilidade. Recebeu o apelido de Dodói logo em começo de suas andanças pelo campo de futebol do lugar, conforme era sua razão estar ali, entre os demais, sendo que preferia sempre jogar no gol, lugar que ninguém queria ocupar porque era notório, isso qualquer um sabe, sempre sobram os arcos para aqueles que aceitam o caso de se bater e rebater ou sofrer injúrias - todos queriam jogar na linha porque é na linha que se decide heroísmo e determinação. Dodói chegava e ia ao gol. Quando já tinha goleiro, ficava por ali, a espevitar a vida das criaturas, de tal sorte que acabou muito amado por meia dúzia de jogadores e com eles se afez de um modo umbilical. Acompanhavam-no porque era raro que houvesse outros que se dessem ao mesmo talante. Conforme era sabido, a correia se esticaria até que o pai o apanhasse com aquele Ivo não sei o quê, o que atendia pelo apelido escorreito de Pitó. O acontecimento não passava de incidente que teria que ser administrado, depois de revisto, em dor e amargura. A sua aventura partia da visão desse abismo.
Esse Pitó era muito afeito a ele, embora não lhe fosse exclusivo. Naqueles dias não havia como oferecer exclusividade. Essa era a verdade maior. E nem apelo ou vontade para tanto ele tinha. Era um menino que desabrochava para suas tendências e como ele mesmo dizia, jogar no gol e ser assim é defeito de nascença. Não há como mudar o que já vem com esse tronco torto e ele tem que ser assumido, sob pena de maiores sofreres. De tal sorte que ele e o Pitó, naqueles dias de Monlevade e campos de várzea, eram um par determinado e quase assíduo. Não havia nele argumento que não dissesse que do Pitó não gostava. Pelo contrário, até que com ele fazia umas confidências que punham seu mundo mais festivo, mais colorido. Acontece que: exclusividade, isso era de jeito nenhum. Havia terrenos demais a serem sondados e ocupados. Era assim.